06 dezembro 2013

silêncios...

(as diferenças podiam ser TODAS traduzidas SÓ pelo olhar, para não mencionar o rosto)

Mandela/ Cavaco...por Daniel Oliveira

"É da estatura moral e de coragem política que quero falar. Estávamos em 1987, e o mundo pressionava a África do Sul para libertar Nelson Mandela. Um homem que o Departamento de Estado norte-americano considerava "terrorista" e que Portugal não via com especial simpatia. Por essa altura, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou, com 129 votos a favor, uma resolução de solidariedade com a luta do ANC e dos sul-africanos, que incluía um apelo para a libertação incondicional de Mandela. Alguns, poucos, países estragaram a festa, faltando com o seu voto. Um deles foi os Estados Unidos, então presididos por Ronald Reagan. Outro foi o Reino Unido, que tinha ao leme a amante da democracia e da liberdade, Margaret Thatcher. E o outro foi Portugal, que tinha como primeiro-ministro o mesmíssimo Cavaco Silva que hoje se comove com as "verdadeiras lições de humanidade" do homem que, por pressão internacional, saiu, sem rancor, de 20 anos de cativeiro sem a ajuda de quem hoje tanto celebra o seu legado.
(...)
O que é irónico é ver o mesmo homem que desalinhou com quase todo o mundo no momento em que Mandela precisava da nossa voz, vir, neste momento, falar da coragem política, da estatura moral e das lições de humanidade de Mandela. Como se viu em 87, nem nascendo mil vezes as poderia aprender."

(Ler mais: http://expresso.sapo.pt/cavaco-silva-hoje-e-quando-era-dificil-estar-do-lado-de-mandela=f844751#ixzz2mh7e62pp)



03 dezembro 2013

Gatice #8

Bibi tinha cabelos escorridos como um dia chuvoso. Pegava no filho com dedicação mas sem devoção, enquanto olhava para as coisas com um olhar de inverno rigoroso. Fazal Elahi, pelo contrário, era efusivo e aplicado nas suas manifestações amorosas: com licença, gosto de ti ao ponto de me desaparecer, luz da minha alma, o meu olhar fica como os planetas, a andar à volta, à volta, à volta, sem conseguir afastar-se do sol.
E não achava estranho que a sua mulher fosse um dia de inverno. (...)

Para onde vão os guarda-chuvas, Afonso Cruz